Ouçam lá, vocês que me estão a ler – ou a pedir, por puro analfabetismo, para que vos leiam este texto, não seria delirante queStand Up Comedians portugueses se reunissem num festival anual para fazer gargalhar a população portuguesa? A minha ainda curta, bastante curta, experiência no mundo da comédia já me fez perceber que fazer Stand Up Comedy em Portugal não é tarefa facilitada. Para ser franco, eu apenas subi para cima de um palco, tentando provocar o riso nas pessoas três vezes, mas isso já deu para perceber o facto exposto na frase atrás, facto esse que eu não vou voltar a dizer, porque se há coisa que me irrita é estar a repetir-me. Exemplificando, eu nunca fiz Stand Up em bares, mas, pelo que ouvi, não me parece muito dócil. Não há muitos bares realmente virados para o Stand Up, onde há condições para que tenhamos o público atento à actuação, disponível para rir. Noutros, o Stand Up Comedian merece pouca atenção e os clientes do bar, concentrados na conversa e na bebida, limitam-se, legitimamente, apenas a essa sua condição, não se alargando à de “espectadores de actuação de comédia”. Então, digam-me, onde é que é um mimo actuar? Não, claro que não é na Praça da Alegria, bestas, é nos teatros. Os teatros, onde eu actuei cem por cento das vezes, são realmente excelentes para Stand Up. No teatro, o público está lá porque quer realmente ver um indivíduo, a tender para o idiota, em cima de um palco a mandar as larachas que escreveu no seu T1 Então, onde é que se encaixa aqui o conceito de Festival de Stand Up Comedy? Bom, se um primeiro festival, realizado num teatro, funcionasse bastante bem, poderia causar cada vez maior interesse dos teatros em serem palco de espectáculos de Stand Up, para além de que seria um certame que divertiria muito as pessoas. Vá, vamos todos penar nisso. O senhor também, ouviu? Não é por estar no emprego e ter de terminar rapidamente o que está a fazer que o dispenso de cogitar sobre esta questão, percebe?